É fundamental reforçar alguns conceitos quanto a uma das questões fundamentais da segurança infantil.
O transporte de crianças no automóvel é um dos aspetos mais importantes quando falamos de segurança infantil e, por esse motivo, é fundamental reforçar alguns conceitos.
De frente ou virado de costas?
Está atualmente bem estudado (e as recomendações são claras nesse sentido) que todos os bebés e crianças pequenas devem viajar “de costas”, ou seja, no sentido contrário ao da marcha, no mínimo até aos 18 meses. Isto prende-se com o facto de os músculos do pescoço serem ainda algo imaturos para suportar corretamente o peso e tamanho da cabeça, particularmente numa situação de travagem ou acidente.
Aliás, os estudos mais recentes aconselham inclusivamente a que esse tipo de colocação da criança se estenda até aos 3-4 anos, embora para isso ser possível seja necessário o recurso a cadeirinhas especiais, que permitem o transporte “de costas” de crianças até aos 18-25kg.
É muito frequente os pais começarem a ter dúvidas se devem trocar a cadeirinha dos filhos a partir dos 9 meses, quando eles começam a ficar com os pés de fora e a bater no encosto do banco do automóvel. É importante frisar que a babycoque é, provavelmente, a cadeira mais segura que os seus filhos terão em toda a vida, pelo que não há pressa nenhum em substituí-la. Mesmo que os pés batam no banco eles continuam a viajar seguros, desde que a zona da cabeça que faz apoio permaneça dentro da babycoque. No entanto, se mesmo assim os pais quiserem trocar de cadeirinha podem fazê-lo, desde que escolham uma que permita o transporte “de costas” até aos 18 meses (no mínimo), tal como explicado acima.
No banco da frente ou de trás?
Sempre que possível, as crianças devem andar no banco de trás. É o local mais seguro para elas e também o local que menos distrações provoca a quem conduz.
Quando os bebés são pequenos, a maior parte dos pais não gosta de colocar a babycoque no banco de trás quando viajam sozinhos, pois sentem que conseguem supervisionar melhor o filho se este for ao lado do condutor, no banco da frente. O problema é mesmo esse, pois para conseguir manter o filho debaixo de olho a atenção à estrada e aos outros veículos fica claramente comprometida, aumentando o risco de acidente. Este é um aspeto muito importante e que já foi também claramente comprovado em vários estudos científicos.
Se o problema é a falta de contacto visual com a criança (principalmente quando esta viaja “de costas”), há um tipo de espelho que se pode aplicar nos bancos e que permite a sua observação constante.
No entanto, se o carro não tiver bancos ou cintos de segurança traseiros, pode ser aceitável o transporte de crianças no banco dianteiro. O único cuidado a ter é desligar o airbag desse local, principalmente se forem crianças pequenas, uma vez que o disparo dos airbags pode causar lesões traumáticas, de queimadura e asfixia que podem ser muito graves. Nunca transporte uma criança no banco da frente sem ter certeza que os respetivos airbags estão desligados!
Até quando se deve usar cadeirinha?
O Código da Estrada Português define que o uso de um banco elevatório deve ser mantido até a criança ter, no mínimo, 1,35m de altura ou então até ter 12 anos. Contudo, é importante reforçar a ideia de que não há nenhum problema em continuar a usá-lo mesmo depois desses limites, desde que a criança viaje confortável e tranquila.
O grande objetivo do banco elevatório é fazer com que o apoio do cinto de segurança se faça nos locais corretos, ou seja, no ombro e peito da criança e não no seu pescoço. Pela mesma razão, é fundamental também explicar às crianças que não podem colocar o cinto debaixo do braço, pois se o fizerem ele passa a apoiar-se apenas na região da barriga e deixam de estar a viajar em segurança.
Posto isto, convém esclarecer que o transporte em segurança das crianças deve ser um dever de todos os pais, pelo que qualquer opção que não a garanta deve ser imediatamente corrigida. Os riscos de não cumprir estas recomendações são grandes demais para se ter uma atitude diferente…
Fontes: Visão; Arlindo Soares de Pinho
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